Edson Moura se candidata a prefeito, mas está inelegível até 2029
Ele disputou as eleições de 2022 para deputado federal e os votos obtidos nas urnas foram anulados pela justiça.
Mesmo inelegível até 2029 e sabendo
que os votos dos eleitores serão anulados,
o ex-prefeito de Paulínia, Edson Moura, lançou a sua candidatura a prefeito de Paulínia.
Ao que tudo indica, o candidato ficha-suja
vai usar a mesma artimanha de colocar outra pessoa no seu lugar
as vésperas da eleição.
O anúncio da candidatura foi feito durante a convenção da
coligação dos partidos
Avante (70), Partido
Renovador Trabalhista
Brasileiro – PRTB (28)
e Rede – Rede Sustentabilidade (18), no
último domingo (4). O
evento reuniu poucas
pessoas e foi marcado
por um certo desconforto entre ele e a esposa
Nani Moura, que era pré-candidata e foi
anunciada vice. Em vídeo que circula nas
redes sociais, é possível ver a que ela tenta
disfarçar a insatisfação.
No momento da convenção, eles não divulgaram nada nas redes sociais. Horas depois, mencionaram as candidaturas, porém
não convenceram nem
mesmo os apoiadores,
que demonstraram não
acreditar que eles possam ser eleitos.
Em certidão obtida junto ao Tribunal
Regional Eleitoral do
Estado de São Paulo
Juízo da 323ª Zona
Eleitoral de Paulínia,
Edson Moura aparece
em 8 processos, sendo
dois em cumprimento
de sentença. Para esclarecer
a situação, o Jornal
Tribuna consultou um
advogado especialista, que confirmou que
Moura continua inelegível até 2029.
“Isso se
deve a uma condenação criminal, em segunda instância, proferida pelo Tribunal Regional Federal de São Paulo - No 0016156- 13.2010.4.03.6105,
processo que trata de apropriação indébita
(quando o empresário desconta dos funcionários o valor referente ao INSS e não
repassa ao instituto, apropriando-se do dinheiro do trabalhador, que terá problemas
em razão deste fato
para se aposentar no
futuro). Faz-se necessário aqui esclarecer
que o impedimento se
dá, nesse caso, em
razão da Lei do Ficha
Limpa, explica.
O advogado também destaca a decisão
da justiça de 2021 que
impede Edson Moura
de se candidatar por
mais 8 anos, ou seja
até 2029. “Na decisão, protocolada em
03/09/2021, tem-se a condenação com a
seguinte dosimetria da pena: “...05 (cinco)
anos, 01 (um) mês e 07 (sete) dias de reclusão, em regime inicial semiaberto, e 24
(vinte e quatro) dias-multa, ao réu EDSON
MOURA...”.
Assim, resta claro que o ex-prefeito terá que aguardar até 2029, caso não
existam outros processos, para poder voltar
a candidatar-se em
eleições”.
:: LEI DA FICHA LIMPA
A Lei da Ficha
Limpa afasta por oito
anos aqueles que forem condenados – em
decisão transitada em
julgado ou proferida
por órgão colegiado
da Justiça Eleitoral –
por corrupção eleitoral, compra de votos,
doação, arrecadação
ou gastos ilícitos de
recursos de campanha
ou por conduta vedada
a agentes públicos em
campanhas eleitorais
que impliquem cassação do registro ou do
diploma, entre outras regras.
Fraude eleitoral e crise política
A crise política em Paulínia começou
ainda durante o pleito eleitoral de 2012.
O ex-prefeito Edson Moura (MDB) lançou
a candidatura ao cargo máximo do Executivo da cidade, mas foi barrado pela lei
da ficha limpa por suspeita de compra de
votos e renunciou à chance de concorrer
um dia antes da eleição.
O substituto do emedebista foi o filho, Edson Moura Júnior. Como não havia tempo hábil para mudança na urna, a
foto que apareceu foi a do pai, que estava
inelegível. Edson Moura Junior então foi
eleito no dia 7 de outubro de 2012, com
20.385 votos, que representavam 41,01%
dos válidos em Paulínia. No entanto, o
Ministério Público Eleitoral (MPE) considerou a manobra na véspera da eleição
ilegal, além de ter o objetivo de “enganar
o eleitor” e transferir os votos de pai para
filho.
Por conta da recomendação da Promotoria, o juiz eleitoral da cidade impugnou o registro do prefeito eleito e declarou José Pavan Junior (PSB), o segundo
candidato mais votado com 34,99% dos
votos, o novo chefe do Executivo.
Pavan tomou posse no dia 1º de janeiro de 2013, mas ficou apenas seis meses
no cargo.
Após recurso, o Tribunal Superior Eleitoral deu ganho de causa a Moura
Júnior, que assumiu a Prefeitura no dia 16
de julho de 2013. A partir daí, iniciou-se
uma briga judicial para que o novo prefeito continuasse no cargo.
A primeira saída de Moura Júnior
aconteceu no dia 11 de abril de 2014,
quando o então presidente da Câmara,
Marquinhos Fiorella (PP), assumiu pela
primeira vez. Contudo, quatro dias depois, o filho de Edson Moura voltou ao
cargo por meio de uma liminar. Depois
disso, Moura Júnior saiu e deixou a Prefeitura outras quatro vezes, sendo cassado em definitivo no dia 3 de fevereiro de
2015.
Votos para deputado federal foram anulados
Edson Moura disputou as
eleições de 2022 para deputado federal e os 9866 votos
obtidos nas urnas no Estado,
sendo 5459 em Paulínia, foram
anulados pela justiça. No site
candidaturas, ele aparece
como inapto por inelegibilidade (Lei Complementar no
64/90) e ausência de requisito
de registro.
Trajetória
Edson Moura, ex-prefeito
de Paulínia, administrou a cidade nos seguintes mandatos,
respectivamente, de 01/01/1993
até 31/12/1996; de 01/01/2001
até 31/12/2004; e, de 01/01/2005
até 31/12/2008.Durante esses
mandatos, Edson Moura, por
decisões polêmicas, ilegais e
imorais (que ocasionaram em
prejuízo ao erário do Município
de Paulínia), colecionou inúmeros processos de improbidade, alguns já se encerraram
com condenações de inelegibilidade e de devolução de
dinheiro, e outras ações continuam, ainda, em andamento
até o presente momento.
Fonte: Jornal Tribuna
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